Ensaio Fotográfico

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Ensaio Fotográfico

 

Um monumento chamado Flávia Alessandra

No auge da beleza, Flávia Alessandra vira nome de orla em Arraial do Cabo e tem planos de trabalhar mais no cinema e fazer longas viagens

 

Flávia Alessandra é um monumento. Se antes isso era uma metáfora de gosto duvidoso, agora é pura verdade. Sua beleza imponente será imortalizada na orla da Praia Grande, em Arraial do Cabo, cidade do Rio de Janeiro onde nasceu, cresceu e se esticou na areia para tomar sol na adolescência, às margens das águas mais geladas da costa brasileira. No melhor estilo Brigitte Bardot, e com iguais méritos, a atriz ganhou uma homenagem na beira do mar e virou referência urbana. A prefeitura batizou a orla com seu nome e as próximas gerações que frequentarem o lugar se recordarão dela em seu auge, para sempre. Daqui a 100 anos, todos se lembrarão de suas curvas perfeitas, de seus olhos de gata e de seu apelo selvagem. Cristina Motta, a artista que moldou a francesa Brigitte em bronze e a colocou sentada na rua das Pedras, na praia da Armação, em Búzios, também cuidou de esculpir a brasileira. Só falta instalar a escultura, o que vai acontecer em maio.

ALFA considera a homenagem absolutamente justa. Flávia merece essa e outras honras, apesar da juventude. É uma profissional bem resolvida, com grande capacidade de trabalho, e uma cidadã notável do Brasil e de Arraial do Cabo, onde tem uma pousada e onde ainda se refugia quando sobra um tempinho para o descanso, algo cada vez mais raro em sua rotina acelerada de atriz e mãe de duas filhas, Giulia e Olivia. “Foi uma homenagem linda, uma emoção muito grande que vivi. Frequentava a Praia Grande e, agora, ela tem meu nome”, disse, modestamente, enquanto se preparava para esta sessão de fotos em uma antiga fábrica na Zona Leste de São Paulo, no bairro da Mooca, um cenário em ruínas, quase o oposto das paisagens de sua infância.

Desde que fez sua estreia em novelas da TV Globo, aos 15 anos – depois de vencer um concurso do Domingão do Faustão para participar de Top Model, em 1989, quando fez a personagem Tânia –, Flávia não parou de atuar. Com mais de 20 novelas na carreira, ainda se sente instigada pelos papéis que lhe oferecem e que vão desde mocinhas ingênuas até robôs. “Meu grande tesão é interpretar personagens totalmente diferentes uns dos outros e que sejam desafiadores. Tanto faz ser uma freira, uma louca ou uma prostituta”, afirma. “Na próxima oportunidade, quero ser uma vilã. Tenho bastante vontade de fazer uma vilã em horário nobre. A última que fiz foi na novela das 6. Também estou louca para participar de uma comédia de novo.”

No papel da tenente Érica, em Salve Jorge, uma veterinária militar, ela exibe sua sensualidade e seu talento em um triângulo amoroso com Rodrigo Lombardi e Nanda Costa. E tudo indica que vai emendar um personagem seguido do outro. Por volta do capítulo 80 da próxima novela das 9, Amor à Vida, de Walcyr Carrasco, ela deve aparecer para desestabilizar o romance dos protagonistas, Paola Oliveira e Malvino Salvador. Sua presença não está confirmada, mas Flávia é uma das atrizes preferidas de Carrasco, com quem trabalhou entrosada em Alma Gêmea (2005), Caras e Bocas (2009) e Morde & Assopra(2011), em que interpretava duas personagens, a Naomi robô e a humana.

Flávia sempre quis ser atriz, mas pensou em exercer outras profissões. Filha de um oficial da marinha mercante e de uma professora, gostava muito de ler e, principalmente, de estudar história. Seu pai lhe dizia que deveria exercer seu gosto pela oratória e pela polêmica. “Eu não sabia se conseguiria me sustentar como atriz”, lembra. Entrou em duas faculdades, direito e comunicação. Formou-se na primeira e interrompeu, no terceiro ano, o curso de jornalismo na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que fazia à noite. “Parei a faculdade porque sofria bullying diário”, conta. Era a época do impeachment do então presidente Fernando Collor e o clima não era favorável à TV Globo. “Fiz três novelas durante a faculdade e todo dia ouvia que a televisão emburrece as pessoas. Faziam ironias comigo. Aquilo foi me desencantando. Foi terrível. Resisti um pouco, mas não aguentei. Decidi parar”, diz.

E não se arrependeu. Conquistou seu espaço na TV e virou uma estrela. Do que sente falta, às vezes, é fazer cinema. A rotina das novelas a absorve e ela não tem chances de aproveitar as oportunidades que surgem. Participou de seu primeiro filme, Boca de Ouro, de Walter Avancini, aos 16 anos. Em 2011, protagonizou a comédia Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, de Hugo Carvana, e nada mais desde então. “Tem um lado frustrante na TV porque muitas vezes você não atinge o ponto que gostaria no seu trabalho”, explica. “E o cinema permite esse cuidado, essa busca pela perfeição, e dá mais possibilidades ao ator. O problema é que não encontro intervalos para encaixá-lo na minha vida.”

Apesar de ter virado uma estátua na cidade natal, Flávia não é um desses personagens inalcançáveis, que acham que já fizeram tudo na vida. Ao contrário, é uma mulher inquieta, cheia de planos, preocupada com sua evolução pessoal. Ninguém se surpreenda, por exemplo, se ela decidir tirar um ano sabático e mudar para Portugal, país de seus antepassados. Ou alugar um trailer como o da abertura deste ensaio e se aventurar em uma viagem pelas estradas da América do Sul com o marido, Otaviano Costa, e as duas filhas, de 13 e 2 anos. “Adoro ir para lugares diferentes e fotografar. Tenho vontade de ficar dois meses viajando. Só estou esperando a pequena crescer um pouquinho mais para pegar um período de férias e fugir por aí.”

Editora assistente Ana Morbach
Styling Dudu Farias
Cenografia Gregório Souza
Beleza Diego Américo (Capa MGT)
Produção de moda Dandara Costa
Assistente de fotografia Denilson Franco
Assistente de beleza Nuria Ariel
Agradecimento especial Neide Polos Plaza Lenharo Tratamento de imagens Marisa Tomas/CTI Abril

Matéria publicada na edição de ALFA de abril de 2013

Renata Fan, a bela da bola

Primeira mulher à frente de uma mesa redonda, Renata Fan sabe que é linda, mas o que lhe interessa mesmo é credibilidade

 

No instante em que Renata Fan chega a algum lugar, percebe-se um silêncio obsequioso ao redor. Todo mundo olha estupefato e não fala nada. Com 1,79 m de altura (consideravelmente ampliados pelo salto alto), olhos verdes e um sorriso franco, ela ilumina os ambientes que ocupa. Seus tempos de miss, quando ganhou o concurso no Brasil e foi 12ª no mundo, na competição de 1999, em Trinidad Tobago, ainda transparecem nos seus movimentos e gestos suaves. Ao entrar no saguão do hotel onde faria o ensaio de ALFA, sua estreia em uma revista masculina, imediatamente vários homens ficaram paralisados e boquiabertos. E depois de alguns instantes de admiração, um deles chegou perto e pediu para tirar uma foto. Simpática, Renata topou. E depois ainda fez mais duas fotos com outros fãs. Apesar da impressão inicial de deusa inalcançável, ela se revela acessível e cordial com seus súditos. “Não sou uma celebridade. Vou ao supermercado, à farmácia, caminho perto do meu prédio e como hambúrguer no McDonalds”, diz. “Minha vida é idêntica ao que sempre foi.”

Primeira mulher a comandar uma mesa redonda de futebol, o programa Jogo Aberto, no ar desde 2007 na rede Bandeirantes, ela sente que quebrou uma barreira profissional importante, driblou o machismo do meio esportivo com habilidade e adquiriu respeito jornalístico. Definitivamente, Renata é uma profissional séria. Pensa em tudo que fala e mede cada palavra que diz. Suas ideias sobre seu ofício são claras e sua disposição para o trabalho, permanente. “Tenho uma relação com o futebol que não se desgastou, pelo contrário, melhorou ao longo do tempo”, afirma. “Enfrento uma rotina intensa, mas estou feliz e satisfeita com isso”. Para chegar lá e superar seu desafio diário, que tem início às 11h15, leva uma vida espartana. Não bebe álcool há muitos anos, não fuma e nem tem vida noturna. Só é vista na noite por obrigação profissional, quando tem de apresentar algum evento como mestre de cerimônias. Acorda às cinco da manhã, toma café e lê todos os cadernos de esporte dos jornais para chegar à redação informada. “Mulher tem de acordar mais cedo, tem a coisa da pele, de não parecer inchada quando sai da cama e eu tento cuidar bem dessa parte. Preciso acordar cedo e abrir mão de uma série de coisas”, diz.

Renata começou na imprensa esportiva no programa Terceiro Tempo, como assistente de Milton Neves, na TV Record. Foi há exatos dez anos, quando ainda fazia faculdade de jornalismo. Ao convidá-la, Neves, por quem ela declara admiração irrestrita, queria uma mulher com curvas, que seguisse o padrão de todas que tinham trabalhado com ele antes. Mas descobriu logo que Renata era bem mais do que isso. “Ele olhava para mim e dizia: Gaúcha, você não é só bonita. Apesar de que eu acho você só bonitinha”, afirma Renata. “Você tem algo mais, é interessada, articulada, se expressa bem e tem confiança naquilo que faz”. As palavras serviram como estímulo. Aos poucos, passou a substituir o apresentador nas suas ausências. Lembra que a exigência e a disciplina de Neves serviram de exemplo para seu desenvolvimento profissional e diz que é viciada em ver jogos de futebol, desde o campeonato europeu até a segunda divisão do brasileiro. Vê várias partidas simultaneamente. Também gosta de gravar aquelas que não consegue assistir e tem a mania de tuitar enquanto está diante da TV. “Isso para mim é uma terapia. Faço uma coisa que me dá prazer e que me deixa extremamente satisfeita. Na hora que não tenho nada para fazer, vou ver um jogo de futebol”, conta.

Um das precauções profissionais de Renata é não se envolver com gente do futebol – atualmente namora o piloto de stock car Átila Abreu. Diz que não convive fora do ambiente de trabalho com pessoas do meio. Prefere se preservar. Tampouco tem fontes entre jogadores e dirigentes. “Sempre tive uma filosofia de não me envolver com os jogadores afetivamente. Tenho pouquíssimos relacionamentos do futebol”, explica. “Recebo as pessoas no meu programa com cordialidade, mas não tenho amizade. Separo bem o trabalho da vida privada.” Renata não se considera uma repórter, mas uma apresentadora, e prefere perder um furo jornalístico a se arriscar a dar uma informação errada. No terreno pantanoso do futebol, onde boatos e notícias mal apuradas são convertidos em verdade de uma hora para outra, ela se orgulha de nunca ter sido desmentida ou processada. E acha que um dos grandes momentos do Jogo Aberto foi a notícia exclusiva de que Ronaldo Fenômeno viria jogar no Corinthians, passada por telefone pelo ex-jogador Neto. “Não sou uma pessoa irresponsável que entra no ar e fala o que quer”, diz.

Gaúcha de Santo Ângelo, na região das Missões, Renata não esconde de ninguém que é torcedora fanática do Internacional de Porto Alegre. Em prol da objetividade e da verdade, sua opinião é que jornalista esportivo tem de jogar aberto, tornar público seu time de coração e perseguir a imparcialidade. É colorado desde pequena e cresceu ouvindo jogos do time na rádio Guaíba e na Gaúcha. Nunca foi boa de bola, mas na infância arrumava sempre uma vaga de juíza nas partidas disputadas pelo irmão mais novo, Rafael, hoje seu empresário, melhor amigo e principal interlocutor nas conversas sobre futebol. “Tenho uma base familiar incrível e não gostaria nunca de decepcionar meus pais, que sempre me incentivam a ser uma pessoa melhor”, declara. “Jamais conseguiria, por exemplo, posar nua ou banalizar meus assuntos particulares.” Neste ensaio, ALFA conseguiu baixar só um pouco as suas barreiras morais. Quando questionada sobre o futuro, Renata é direta. Não pensa muito a respeito e diz que não costuma olhar nem para trás, nem para frente. “Não fico pensando em novos projetos e prefiro trabalhar com os pés na realidade”, diz. E sua realidade é o programa que comanda atualmente, com uma equipe formada por ela e com quem se sente totalmente entrosada. “Estou convencida de que quem faz muita coisa não faz nada bem feito. E que mais difícil do que ocupar um espaço na televisão é mantê-lo”, afirma.

Matéria publicada na edição de ALFA de maio de 2013